Conta sob controle é liberdade: como assumir esse controle na sua vida financeira

Você sente que o dinheiro controla você mais do que o contrário? Talvez ele dite o que você pode ou não fazer, os lugares onde pode ir, até o que sonha realizar. Se essa sensação é familiar, você não está sozinha.

Vivemos em um mundo onde o dinheiro, muitas vezes, é visto como fim mas ele é, na verdade, um meio. Um meio poderoso de decisão, de autonomia e de liberdade. Porém, para que ele funcione a nosso favor, precisamos mudar algo essencial: a nossa forma de nos relacionar com ele.

Neste artigo, vamos muito além do básico. Você vai descobrir que assumir o controle financeiro é menos sobre matemática e mais sobre consciência, propósito e escolhas. E que, sim, o dinheiro pode, e deve, ser um instrumento de libertação.

O que significa dizer que dinheiro é liberdade?

A frase “dinheiro é liberdade” é mais do que uma máxima de livros de autoajuda. Ela ganhou força na virada do século XX, especialmente entre investidores e pensadores que viam no dinheiro a chave para sair da roda-viva da dependência. 

Mas, cuidado: não se trata de idolatrar o dinheiro, e sim de ressignificá-lo. 

Ter liberdade financeira não é ter milhões na conta, mas sim poder:

– Dizer não para situações que violam seus valores.

– Escolher o tipo de trabalho que deseja fazer.

– Cuidar da saúde sem depender de filas intermináveis.

– Tirar um tempo para os filhos, para si, ou para descansar, sem culpa.

Recurso financeiro, nesse contexto, é tempo. É saúde. É paz. E a grande virada acontece quando deixamos de ver o dinheiro como um fim inalcançável, e passamos a tratá-lo como um recurso a ser gerenciado com intenção.

Diagnóstico: como está sua vida financeira hoje?

Antes de qualquer mudança, é preciso clareza. Muitas pessoas evitam olhar para suas finanças por medo do que vão encontrar, mas autoconhecimento financeiro é o primeiro passo para a virada e mudança de mindset.

Sinais de descontrole financeiro:

– Você tem medo de abrir o extrato bancário.

– Gasta antes de receber.

– Tem dívidas que fogem do controle ou nem sabe ao certo quanto deve.

– Compra por impulso para aliviar emoções como tristeza ou frustração.

– Vive no modo de apagar incêndios.

Ferramentas práticas de autodiagnóstico:

– Criar a planilha 3 em 1, com 3 colunas sendo elas: entradas, saídas e metas mensais (há versões gratuitas).

– Baixar aplicativos como Guiabolso, Mobills ou Organizze: conectam-se às suas contas e categorizam os gastos para apoiar no controle regular.

– Criar um Diário financeiro analógico: simples e eficaz, basta registrar cada centavo gasto durante 30 dias para identificar padrões.

Assumir sem culpa

O mais importante é não se culpar pelo passado. Somos fruto de uma cultura que pouco fala sobre dinheiro de forma clara e didática. A boa notícia? Você pode reescrever a sua história financeira a partir de agora.

As armadilhas que nos afastam da liberdade financeira

Muitas pessoas não vivem em liberdade não por falta de capacidade, mas porque foram ensinadas a temer o dinheiro, a gastá-lo para pertencer ou a ignorar sua importância.

Crenças limitantes que aprisionam:

Não sou boa com números.

Esse pensamento afasta mulheres da educação financeira e da autonomia sobre seus investimentos. Muitas vezes foi reforçado por experiências escolares ou por ouvir desde cedo que isso é coisa de homem.

Dinheiro só vem com muito sofrimento.

Se a pessoa associa ganhar dinheiro com esforço extremo, ela pode se sentir culpada ou desconfortável ao prosperar com leveza e acabar sabotando os próprios resultados.

Não nasci para ser rica.

Essa ideia reforça uma sensação de destino imutável, como se a vida financeira fosse determinada por sorte ou linhagem familiar. É uma das mais paralisantes.

Se eu prosperar, vou me afastar da minha família.

Muitas mulheres têm medo de que prosperar financeiramente cause inveja, rejeição ou distanciamento daquelas que amam. Então, inconscientemente, se mantêm no mesmo patamar para preservar vínculos.

Essas frases citadas acima são venenos emocionais. Transformar essas crenças é mais importante do que cortar o cafezinho.

Como começar a eliminar essas crenças?

Observe-se com atenção, atenção de verdade, esteja no momento presente de corpo e alma, depois disso, anote frases que você costuma repetir sobre dinheiro, riqueza, dívidas e sucesso.

Questione a origem da sua fala. De onde você ouviu isso pela primeira vez? Era verdade absoluta ou uma percepção de alguém?

Reescreva a crença identificada por você. Por exemplo: em vez de dizer “dinheiro é sujo”, diga “dinheiro é uma ferramenta necessária que pode ser usada para o bem.

Busque referências positivas. Leia histórias de pessoas que prosperaram com valores alinhados aos seus. Isso reforça que é possível viver com ética e abundância.

Viva pequenas mudanças. Comece com decisões simples: cuidar melhor do seu orçamento, valorizar seu trabalho, aprender sobre finanças. Pequenas ações mudam grandes crenças.

E o fenômeno de ganhar mais e gastar mais, sem construir patrimônio. O resultado? A falsa sensação de progresso, sem reservas, sem segurança.

A lacuna da educação financeira

Desde cedo, somos treinados para resolver equações matemáticas sofisticadas, memorizar datas históricas e compreender regras gramaticais. No entanto, em meio a esse mar de conhecimentos, um aspecto essencial da vida adulta permanece negligenciado: a educação financeira.

Pouco, ou quase nada, se fala sobre como administrar o próprio dinheiro, tomar decisões conscientes sobre consumo, avaliar condições de um financiamento ou entender os impactos de um cartão de crédito mal utilizado. Não nos ensinam a interpretar um contrato de aluguel, comparar taxas de juros ou montar uma reserva de emergência. Essa omissão não é casual, é estrutural. E seus efeitos se espalham de forma silenciosa e persistente, alimentando ciclos de endividamento, insegurança e dependência econômica.

A ausência de alfabetização financeira nas escolas não se trata apenas de uma falha no currículo, é um reflexo de uma cultura que, por muito tempo, tratou o dinheiro como um tabu. Um assunto restrito aos especialistas, distante da vida cotidiana, especialmente das mulheres, das classes mais vulneráveis e das famílias que nunca tiveram acesso a essa linguagem.

Mas é possível romper com esse ciclo. E o primeiro passo é a intencionalidade. Assumir a responsabilidade de aprender, buscar conhecimento prático e acessível, e transformar o modo como nos relacionamos com o dinheiro. Alfabetizar-se financeiramente é um ato de coragem e libertação. É tomar o controle do presente e escrever, com consciência, o futuro que se deseja viver.

Como assumir o controle da sua vida financeira (passo a passo)

Organize: Mapeie entradas, saídas, dívidas, sonhos e prazos. O caos precisa virar clareza.

Planeje: Defina metas divididas por tempo: curto (até 1 ano), médio (1 a 5 anos), longo prazo (5+). Exemplo: quitar dívidas, montar reserva, viajar, se aposentar.

Poupe com propósito: Não economize só por economizar. Nomeie cada valor poupado: reserva de emergência, viagem em família, cursos futuros, compra do carro zero, compra da casa de praia, compra da bicicleta.

Invista com consciência: Você não precisa ser uma especialista. Comece com o Tesouro Direto, CDBs simples ou até uma previdência privada inteligente. Mais importante que o valor é a constância.

Aprenda sempre: Você pode começar com conteúdos gratuitos e confiáveis: Me Poupe!, Finanças Femininas, Nath Finanças. Depois, avance com livros como: Os Segredos da Mente Milionária, Pai Rico, Pai Pobre e Dinheiro: os segredos de quem tem. Abaixo, uma breve ideia do que cada título aborda:

Os Segredos da Mente Milionária – T. Harv Eker

O livro mostra como nossas crenças sobre dinheiro, geralmente formadas na infância, moldam nosso sucesso financeiro.

Eker propõe reprogramar a mente financeira com hábitos e pensamentos positivos.

Ele diferencia a mentalidade de riqueza da mentalidade de escassez.

Ensina que pessoas ricas agem com responsabilidade, foco e ousadia.

Aponta que enriquecer exige tanto habilidades práticas quanto um mindset próspero.

Pai Rico, Pai Pobre – Robert Kiyosaki

Kiyosaki compara os conselhos de seu pai biológico (o pai pobre) com os de seu mentor (o pai rico).

Defende que a educação financeira é mais importante que diplomas formais.

Explica a diferença entre ativos e passivos, ensinando a investir e gerar renda.

Incentiva o empreendedorismo e a inteligência financeira desde cedo.

Mostra que trabalhar por dinheiro é diferente de fazer o dinheiro trabalhar por você.

Dinheiro: Os Segredos de Quem Tem – Gustavo Cerbasi

Cerbasi explora comportamentos e decisões que diferenciam quem enriquece no Brasil.

O foco está em planejamento de vida, metas financeiras e escolhas conscientes.

Ele destaca a importância de investir com propósito, e não por impulso.

Mostra como casais e famílias podem alinhar objetivos financeiros.

O papel do autoconhecimento na vida financeira

Ninguém gasta sem emoção. E reconhecer o que está por trás das nossas decisões financeiras é revolucionário.

Perfis comportamentais financeiros:

– Gastadora emocional: usa o consumo para preencher vazios afetivos.

– Controladora ansiosa: sente culpa ao gastar com prazer, vive em alerta.

– Negligente: evita qualquer contato com planilhas ou contas.

Você pode ser um pouco de cada e tudo bem. O importante é identificar e agir com mais consciência.

O que fazer:

– Faça um diário de emoções ligadas ao consumo.

– Observe padrões em momentos de estresse.

– Crie um mantra financeiro: ex. Eu mereço viver com equilíbrio e segurança.

Mini-história inspiradora

Clara, 35 anos, diarista  

Durante a pandemia, Clara perdeu clientes e precisou viver com ajuda. Decidiu estudar finanças pelo celular, criou uma planilha e passou a guardar R$ 20 por semana. Hoje, tem uma reserva de R$ 3 mil, voltou a estudar e sonha abrir seu próprio negócio.

Você não precisa ter muito para começar. Mas precisa começar para ter muito. Nathalia Arcuri

Dinheiro como ferramenta de propósito e não de opressão

Dinheiro não precisa ser motivo de vergonha, disputa ou controle. Ele pode e deve ser uma extensão dos seus valores.

Você já pensou que:

– Ter dinheiro pode significar dizer sim para a sua saúde mental?

– Pode significar dizer não para relações abusivas?

– Pode permitir que você invista em causas que acredita, como educação, meio ambiente, missões ou apoio a outras mulheres?

Quando o dinheiro trabalha a favor do seu propósito, ele deixa de ser prisão e vira ponte.

A liberdade começa com o primeiro passo. Ao organizar suas finanças, você não está apenas cuidando de números, mas cuidando de si.

Hoje pode ser o primeiro dia da sua virada. Por onde você vai começar?

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